sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

"Elogio ao Amor" - Miguel Esteves Cardoso in Expresso

"Quero fazer o elogio do amor puro. Parece-me que já ninguém se apaixona de verdade. Já ninguém quer viver um amor impossível. Já ninguém aceita amar sem uma razão. Hoje as pessoas apaixonam-se por uma questão de prática. Porque dá jeito. Porque são colegas e estão ali mesmo ao lado.
Porque se dão bem e não se chateiam muito. Porque faz sentido. Porque é mais barato, por causa da casa. Por causa da cama. Por causa das cuecas e das calças e das contas da lavandaria.
Hoje em dia as pessoas fazem contratos pré-nupciais, discutem tudo de antemão, fazem planos e à mínima merdinha entram logo em "diálogo". O amor passou a ser passível de ser combinado. Os amantes tornaram-se sócios. Reúnem-se, discutem problemas, tomam decisões. O amor transformou-se numa variante psico-sócio-bio-ecológica de camaradagem. A paixão, que devia ser desmedida, é na medida do possível. O amor tornou-se uma questão prática. O resultado é que as pessoas, em vez de se apaixonarem de verdade, ficam "praticamente" apaixonadas.
Eu quero fazer o elogio do amor puro, do amor cego, do amor estúpido, do amor doente, do único amor verdadeiro que há, estou farto de conversas, farto de compreensões, farto de conveniências de serviço. Nunca vi namorados tão embrutecidos, tão cobardes e tão comodistas como os de hoje.
Incapazes de um gesto largo, de correr um risco, de um rasgo de ousadia, são uma raça de telefoneiros e capangas de cantina, malta do "tá tudo bem, tudo bem", tomadores de bicas, alcançadores de compromissos, bananóides, borra-botas, matadores do romance, romanticidas. Já ninguém se apaixona? Já ninguém aceita a paixão pura, a saudade sem fim, a tristeza, o desequilíbrio, o medo, o custo, o amor, a doença que é como um cancro a comer-nos o coração e que nos canta no peito ao mesmo tempo?
O amor é uma coisa, a vida é outra. O amor não é para ser uma ajudinha. Não é para ser o alívio, o repouso, o intervalo, a pancadinha nas costas, a pausa que refresca, o pronto-socorro da tortuosa estrada da vida, o nosso "dá lá um jeitinho sentimental". Odeio esta mania contemporânea por sopas e descanso. Odeio os novos casalinhos. Para onde quer que se olhe, já não se vê romance, gritaria, maluquice, facada, abraços, flores. O amor fechou a loja. Foi trespassada ao pessoal da pantufa e da serenidade. Amor é amor. É essa beleza. É esse perigo. O nosso amor não é para nos compreender, não é para nos ajudar, não é para nos fazer felizes. Tanto pode como não pode. Tanto faz. É uma questão de azar. O nosso amor não é para nos amar, para nos levar de repente ao céu, a tempo ainda de apanhar um bocadinho de inferno aberto.
O amor é uma coisa, a vida é outra. A vida às vezes mata o amor. A "vidinha" é uma convivência assassina. O amor puro não é um meio, não é um fim, não é um princípio, não é um destino. O amor puro é uma condição. Tem tanto a ver com a vida de cada um como o clima. O amor não se percebe. Não dá para perceber. O amor é um estado de quem se sente. O amor é a nossa alma. É a nossa alma a desatar. A desatar a correr atrás do que não sabe, não apanha, não larga, não compreende. O amor é uma verdade. É por isso que a ilusão é necessária. A ilusão é bonita, não faz mal. Que se invente e minta e sonhe o que quiser. O amor é uma coisa, a vida é outra. A realidade pode matar, o amor é mais bonito que a vida. A vida que se lixe. Num momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre. Ama-se alguém. Por muito longe, por muito difícil, por muito desesperadamente. O coração guarda o que se nos escapa das mãos. E durante o dia e durante a vida, quando não esta lá quem se ama, não é ela que nos acompanha - é o nosso amor, o amor que se lhe tem.
Não é para perceber. É sinal de amor puro não se perceber, amar e não se ter, querer e não guardar a esperança, doer sem ficar magoado, viver sozinho, triste, mas mais acompanhado de quem vive feliz. Não se pode ceder. Não se pode resistir.
A vida é uma coisa, o amor é outra. A vida dura a vida inteira, o amor não. Só um mundo de amor pode durar a vida inteira. E valê-la também."





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domingo, 23 de janeiro de 2011

#2 - músicas na minha vida


"Between The Bars" by Elliott Smith

Descobri o Sr. Elliott Smith, e as suas músicas, há pouco tempo. 
Mas facilmente me rendi à sua voz suave, calma e sussurrada.
As músicas são bastante simples e as letras muito boas.

Esta é um belo exemplo, mas também há a "Miss Misery, a "Say Yes", entre outras.

Aqui fica a letra:

"drink up, baby, stay up all night
the things you could do, you won't but you might
the potential you'll be, that you'll never see
the promises you'll only make

drink up with me now and forget all about the pressure of days
do what I say and I'll make you okay and drive them away
the images stuck in your head

people you've been before that you don't want around anymore
that push and shove and won't bend to your will
I'll keep them still

drink up, baby, look at the stars
I'll kiss you again between the bars where I'm seeing you
there with your hands in the air, waiting to finally be caught

drink up one more time and I'll make you mine
keep you apart deep in my heart separate from the rest
where I like you the best and keep the things you forgot

the people you've been before that you don't want around anymore
that push and shove and won't bend to your will
I'll keep them still"


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Liberdade

Quem me conhece sabe que eu era assim...


Agora, o que alguns de vocês podem não saber é que eu estou assim...


Sim, é verdade, eu sou o da esquerda. O da direita é o Manu e o do meio...bem o do meio vou deixar no ar, pois é uma coisa intima (mas é de uma pessoa que está nesta foto e juro que não sou eu =P).
 
Muitos afirmaram, pediram e perguntaram: 
  • "vais ficar tão feio"
  • "vais parecer um skinhead"
  • "não vou falar mais contigo"
  • "não faças isso, por favor"
  • "porquê?"
  • "porque é que fizeste isso se sabias que ias ficar feio?"
  • "perdeste alguma aposta?"
A todos respondo, que fiz porque o Manu disse que ia fazer e eu quis fazer com ele; simplesmente porque me apeteceu; porque não gosto da ideia de termos que estar sempre no "nosso melhor"; porque sinto-me bem ao pôr de lado o "politicamente correcto", e fazer aquilo que todos diziam para não fazer ou não estavam à espera que eu tivesse coragem de fazer; porque quanto mais me pediam para não o fazer, mais vontade tinha; porque é um sentimento de Liberdade.

Rapei o cabelo, sim. Mas não deixo de ser eu. Sou eu, com pouco cabelo e todos os "defeitos" que uma infância inconsciente/azarada causou à mostra - tenho 9 cicatrizes e uma "cova".

Gosto de andar assim. Mostrar as minhas marcas, uma parte da minha história...

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sábado, 15 de janeiro de 2011

#1 - músicas na minha vida

"Ne me quitte pas" de Jacques Brel

Esta canção é, sem dúvida alguma, uma das melhores implorações de sempre no mundo da música.
Foi escrita e composta pelo grande Jacques Brel, durante a sua separação com Suzanne Gabrielle.
Isto é suficiente para perceber de onde vêm toda aquela emoção e força que ele impõe quando a interpreta. 
Infelizmente não consegui colocar aqui o vídeo da versão em que melhor se percebe esse sentimento. 

Mas aqui fica o link de uma versão que me gusta bastante mais:

Letra:

"Ne me quitte pas
Il faut oublier
Tout peut s'oublier
Qui s'enfuit deja
Oublier le temps
Des malentendus
Et le temps perdu
A savoir comment
Oublier ces heures
Qui tuaient parfois
A coups de pourquoi
Le coeur du bonheur
Ne me quitte pas (4 vezes)

Moi je t'offrirai
Des perles de pluie
Venues de pays
Où il ne pleut pas
Je creuserai la terre
Jusqu'apres ma mort
Pour couvrir ton corps
D'or et de lumière
Je ferai un domaine
Où l'amour sera roi
Où l'amour sera loi
Où tu seras reine
Ne me quitte pas (4 vezes)

Ne me quitte pas
Je t'inventerai
Des mots insensés
Que tu comprendras
Je te parlerai
De ces amants là
Qui ont vu deux fois
Leurs coeurs s'embraser
Je te racont'rai
L'histoire de ce roi
Mort de n'avoir pas
Pu te rencontrer
Ne me quitte pas (4 vezes)

On a vu souvent
Rejaillir le feu
De l'ancien volcan
Qu'on croyait trop vieux
Il est paraît-il
Des terres brûlées
Donnant plus de blé
Qu'un meilleur avril
Et quand vient le soir
Pour qu'un ciel flamboie
Le rouge et le noir
Ne s'épousent-ils pas
Ne me quitte pas (4 vezes)

Ne me quitte pas
Je ne vais plus pleurer
Je ne vais plus parler
Je me cacherai là
À te regarder
Danser et sourire
Et à t'écouter
Chanter et puis rire
Laisse-moi devenir
L'ombre de ton ombre
L'ombre de ta main
L'ombre de ton chien
Ne me quitte pas (4 vezes)"


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"Fu*#$#% - Babylonians ruined my life"

O mundo está em está em choque com a mais recente notícia "espiritualo-superticiosa".

Ao que parece, os Babilónios que gostavam de estudar as estrelas, e inventaram o Zodíaco, foram preguiçosos e não fizeram bem as contas. 

Quem o diz é uma malta que provavelmente tirou o curso de astrofísica numa faculdadezita em Bloomington, Minnesota, e depois arranjou trabalho no pomposo Minnesota Planetarium Society (no mesmo Estado dos USA). 
Dizem eles que os Babilónios basearam os signos na constelação na qual o Sol se encontrava no dia do nascimento do "1º Homem", sem terem em consideração que a Lua (essa grande marota) iria seduzir o Sol, com o seu poder gravitacional, para uma outra posição, ao longo do tempo.

Conclusão, a malta andou enganada este tempo todo, e em vez de haver 12 signos há 13, e a posição dos mesmos mudou em cerca de um mês.

Sendo assim agora o calendário dos signos é o seguinte:
Capricórnio: De 20 Janeiro a 16 Fevereiro
Aquário: De 16 Fevereiro a 11 Março
Peixes: De 11 Março a 18 Abril
Carneiro: De 18 Abril a 13 Maio
Touro: De 13 Maio a 21 Junho
Gémeos: De 21 Junho a 20 Julho
Caranguejo: De 20 Julho a 10 Agosto
Leão: De 10 Agosto a 16 Setembro
Virgem: De  16 Setembro a 30 Outubro
Balança: De 30 de Outubro a 23 Novembro
Escorpião: De 23 a 29 Novembro
Serpentário (Ophiuchus): De 29 Novembro a 17 Dezembro (os Babilónios para além de se terem enganado nas contas, também não lhes apeteceu ter 13 signos, acharam que 12 era mais giro)
Sagitário: De 17 Dezembro a 20 Janeiro

Sobre tudo isto tenho algumas coisas a dizer:
  1. Não culpem os Babilónios, muito fizeram eles.
    Gostava de saber quantos de vós é que se iam por a olhar para as estrelas, noite após noite, naquela altura. Não se esqueçam que não havia Tv nem Internet, e que as mulheres não usavam tanta roupa como hoje (You know what I mean)...
  2. Como é que a malta que fez tatuagens com o seu signo se anda a sentir? Bem pior, imagino eu, que a malta que tatuou o nome do seu antigo amor, a quem fez juras de amor eterno e depois levou com um belo par de palitos.
  3. Aposto que a esta hora a Maya e todo o seu clã de astrólogos está a apanhar o avião para o Brasil.
    Já estou a ver todas as donas de casa e malta que consulta diariamente os Horóscopos dos jornais e revistas a juntar-se a todos os clientes destes "deuses" da astrologia/futurologia, e pô-los em tribunal.
    Alegre-se quem se entristeceu com a noticia do "final" do caso Casa Pia, e achou que o mundo jurídico português iria perder toda a piada. Enganaram-se, ele não vos quis desiludir e vai voltar com mais um belo caso que promete durar anos, e bem ao estilo do caso Fátima Felgueiras - populações revoltadas e fugas para outro pais.
  4.  Prova disto, é que a Penthouse Portugal já emitiu um comunicado a informar que a edição do próximo mês vai ser com a Maya e a Maria Helena Cardoso em poses mais do que "ousadas". Os cenários serão o novo Campus da Justiça em Lisboa e o Estabelecimento Prisional de Tires.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

#2 - filmes na minha vida

Memento (2000) de Christopher Nolan


Leonard Shelby: (enquanto conduz o carro no meio da cidade) I have to believe in a world outside my own mind. I have to believe that my actions still have meaning, even if I can't remember them. I have to believe that when my eyes are closed, the world's still there. 
(Leonard fecha os olhos) - Do I believe the world's still there? Is it still out there?... Yeah. 
(Leonard abre os olhos) - We all need mirrors to remind ourselves who we are. I'm no different. 


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#1 - poemas

"i like my body when it is with your
body. It is so quite a new thing.
Muscles better and nerves more.
i like your body. i like what it does,
i like its hows. i like to feel the spine
of your body and its bones, and the trembling
-firm-smooth ness and which i will
again and again and again
kiss, i like kissing this and that of you,
i like, slowly stroking the, shocking fuzz
of your electric fur, and what-is-it comes
over parting flesh . . . . And eyes big love-crumbs,

and possibly i like the thrill

of under me you quite so new"
 
E.E. Cummings 
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quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

#1 - filmes na minha vida

  The Curious Case of Benjamin Button (2008) de David Fincher

Benjamin Button: Our lives are defined by opportunities, even the ones we miss.


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terça-feira, 11 de janeiro de 2011

melhor canal do youtube


E assim se faz um homem como eu feliz...
Um canal com vários (tipo imensos) concertos inteiros dos Radiohead por este mundo fora

8444 dias...

E assim começo...

O que é que eu quero com este blog?
Quero escrever o que me apetecer, mostrar as músicas que me andam a encher as medidas, escrever os diálogos de filmes que não me saem da cabeça...
 
Venham, vejam, ouçam, comentem...divirtam-se.

Deus da blogosfera, demorei 8444 dias, mas cheguei. E aqui está a minha primeira contribuição para esse teu grande mundo....

O primeiro já está, até ao próximo.

Remember, we are all growing younger,
mbica